Na segunda-feira, 22, foi realizada, na Sociedade de Concertos Sinfônicos, a palestra “Música Popular e Moderna Poesia Brasileira - Tradições e Contradições”. O evento foi ministrado por Igor Alves - poeta, professor e mestrando em Teoria Literária e Crítica da Cultura na UFSJ- e Lucas Sales Batista - músico e professor do Conservatório Padre José Maria Xavier.
Passando por possíveis definições do popular, erudito e folclórico, os professores buscaram traçar uma história da poesia e da música modernas no Brasil a partir da apresentação do músico Lucas Batista. Foram interpretadas canções de Noel Rosa, Caetano Veloso, e Paulinho da Viola, além de ter sido feita a leitura de poemas de autores como Paulo Leminski, Oswald de Andrade, Hilda Hilst e Chacal.
Foram abordados momentos como a Semana de Arte Moderna, a composição de Villa-Lobos, a Bossa Nova e a Tropicália, sempre sendo ressaltado o caráter social de letra e poesia, como signos de reconhecimento, seja de identidade nacional ou de grupos. A tolerância e a visibilidade de manifestações plurais também foram defendidas, contra o reducionismo de juízos de valor comuns na crítica cultural.
Neste ponto, para Igor Alves, a possibilidade de novos suportes para fruição de poesia e música permite fazer frente à hegemonia da Indústria Cultural e dar espaço a manifestações mais distantes da cultura de massa. “Da mesma forma que você não pode falar em música, e sim ‘músicas’, no plural, você pode falar de ‘resistências’, também no plural. No hip hop e no rock ‘n’ roll, se fazem resistências mais diretas em relação às injustiças na sociedade. Mas não são as únicas formas”. Para Igor, outros gêneros musicais, como o funk, podem também “ser uma forma de resistência, radical inclusive”.
Para o professor, novas linguagens e espaços de enunciar também são formas de se mudar um sistema que sempre decidiu quem pode ou não pode fazer sucesso. Ele exemplifica, fazendo referência à edição de livros de forma independente, bem como à disponibilização de música na internet.
Dirceu Vieira, professor graduado em Letras pela UFSJ, assistiu à palestra e também vê de forma positiva o contexto atual, que incentiva produções. “Vejo a poesia viva e pulsante. De Criolo a Manoel de Barros, das legendas de fotos do Facebook às produções dos primeiros lugares dos concursos de poesia. Hoje, escreve-se em blogs e em outros veículos, e se é lido como nunca se fora antes”, ressalta.
Como educador, Dirceu percebe de forma positiva a aproximação entre música e literatura. “Podemos, sim, pensar que as ações dos facilitadores estejam relacionadas à aproximação ou não entre o aprendiz e a poesia - seja essa poética canônica ou não - e que a música, como uma das possibilidades dessas ações, possa ser um fantástico instrumento de auxílio para a efetivação ou estreitamento dessa relação”, conclui.
VAN/ Dani da Gama
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