Foto: Talita Andrade |
O
largo do Rosário sediou mais uma vez a Sinfonia dos Sinos no mês de setembro. O
evento, que já é tradição em São João del-Rei, ocorreu no dia dez, e contou com
a presença dos maestros Paulo Miranda e Alex Domingos. Organizado pela equipe
da Música e Arte Produções Ltda., o espetáculo foi criado para resgatar a
tradição da cidade onde os sinos falam.
Inspirado
na Vesperata de Diamantina, a primeira apresentação aconteceu em 2008 de acordo
com a organizadora Vera Feu, com o nome de Noites Seresteiras. Porém, para
Vera, era preciso agregar alguns valores culturais de São João del-Rei no
espetáculo, como o badalar tão característico dos sinos sanjoanenses.
Neste
ano, o show foi apresentado em julho, agosto e setembro, sempre no Largo do
Rosário. Isto porque, de acordo com o organizador José Luiz Mourão, a Igreja
daquele local é um dos mais belos cartões postais da cidade. Além disso, o
palco da orquestra são as sacadas dos solares Neves e Lustosa, no qual está
situada a Secretaria de Turismo e Cultura.
Vera
Feu esclarece ainda que o evento é estruturado em parceria com a Secretaria de
Turismo e Cultura, é responsável pelas reservas de mesas e contatos com
fornecedores e são os próprios maestros que cuidam das músicas. A banda Santa
Cecília, que é da prefeitura, também faz parte da equipe.
Para
os idealizadores da Sinfonia dos Sinos, o espetáculo mostra a beleza,
musicalidade e a comunicação que há nos toques dos sinos. O evento também é uma
forma de “conquistar o coração do turista para que ele volte e traga os
amigos”, confirma José Mourão. Aliás, o público alvo da apresentação são os
turistas. Um dos objetivos de Vera Feu e do José Mourão é aumentar “o movimento
nos hotéis, restaurantes, comércio em geral e criar oportunidades de novos
empregos”.
Foto: Talita Andrade |
Nilson José dos Santos é sineiro
desde 1992, na Igreja de São Francisco. Estudou a profissão com o tio, o pai e
o irmão. Apenas por curiosidade. E aprendeu muito mais do que apenas o
significado de cada badalo.
Aprendeu a respeitar os sinos, que
são objetos batizados e sagrados. Nilson sabe dos riscos que corre nessa
profissão que parece ser tão pacífica. Compreende, também, o significado que os
sinos têm dentro da Igreja Católica. Quando acontece algum acidente no qual o
sineiro é morto por seu instrumento, o sino é retirado, colocado em um pano
preto e fica sem ser tocado por um tempo determinado pela Igreja.
De acordo com Nilson, os
instrumentos são afinados para que cada um tenha uma nota diferente, desta
forma, ao intercalar os badalos, a “conversa” entre os sinos acontece. O padrão
das batidas é feita pelo toque pequeno (que chama), o médio (que pergunta) e o
grande (que responde).
Tocados nas festividades religiosas,
em datas importantes para a Igreja Católica, como funerais ou aniversários de
sacerdotes e até mesmo de hora em hora, o diálogo entre os sinos é cultura em
São João del-Rei, desde que saiu da Europa e chegou na cidade, tradição valorizada
pelos moradores que fazem questão de mantê-la e motivá-la.
Texto: Natasha Souza
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