O Trem Ki Voa é dez!

Projeto de extensão da UFSJ é sucesso e já se prepara para o mundial

Foto: Leonardo Duque

Festas, bebidas e descanso são palavras raramente presentes no vocabulário de 45 universitários dos cursos das engenharias Mecânica, Elétrica e Produção da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).  Esses estudantes se uniram para montar um projeto ambicioso: fazer uma aeronave montada por eles alçar voo. Com o tempo, a proposta foi ganhando corpo e um nome bem mineiro: Trem Ki Voa!
                                                          
Durante um ano, os alunos se dedicaram a montar uma aeronave de acordo com o edital apresentado pela competição, que reúne alunos de diversas universidades brasileiras. O campeonato, organizado pela SAE AeroDesign, é um dos mais respeitados do país. Daí, toda preocupação e entrega dos universitários. Depois de um ano de muita luta e trabalho, a equipe Trem Ki Voa Micro se consagrou campeã da competição em 2014!

Ao acompanhar a rotina dos participantes pode-se compreender que a vitória não veio por acaso. O projeto se divide em duas equipes que participam de categorias diferentes.  O Trem Ki Voa Micro, vencedor do campeonato, produz uma aeronave de porte menor. A carga transportada é de materiais mais leves e o motor utilizado é o elétrico. Já o Trem Ki Voa Regular, tem uma aeronave de maior porte, que deve carregar a maior carga possível. Nesse, o motor utilizado é de combustão, ou seja, é mais potente.                                                                
Os materiais transportados mostram claramente a diferença entre as categorias das duas equipes. Enquanto a aeronave do Micro leva 40 bolinhas de tênis, a do Regular consegue carregar materiais mais pesados, como a madeira. O integrante da equipe, João Antonio Amorim, explicou a natureza dos materiais que revestem os aeroplanos:

– “Os materiais que utilizamos são basicamente microlite ou oralite”.                                                                                  

Foto: Ascom UFSJ

A competição contém regras bem específicas para buscar a melhor aeronave produzida. Com uma duração de três dias, os candidatos precisam fazer com que o aeroplano cumpra o maior número de missões possíveis. “Ao todo são cinco missões que consistem em a aeronave dar voltas completas em uma área específica, com a carga no compartimento, sem apresentar problemas.”, afirmou João Marcos Andrade, integrante do Trem Ki Voa Regular. Outra dificuldade apontada pela equipe é o fato de as regras do campeonato serem modificadas a cada ano, o que obriga os participantes a se adaptarem aos novos critérios exigidos.
                                                         
Além de todos os desafios que devem ser superados, eles têm que lidar ainda com a burocracia e a falta de recursos. Muitos materiais utilizados para o andamento do trabalho são caros e de difícil acesso. Há até mesmo aqueles que devem ser importados. “Uma de nossas dificuldades é o fato de alguns materiais nossos terem apenas uma fábrica no Brasil. Até você juntar toda a papelada para comprovar para o governo que só existe essa empresa no país, é um processo muito demorado, pois não temos permissão para comprar diretamente do fornecedor por não possuirmos CNPJ”, ressaltou a estudante Larissa Marques.

Apesar de ser um projeto premiado e com 15 anos de história, os integrantes do Trem Ki Voa não recebem nenhuma espécie de remuneração e todo capital que é recebido em competições, é totalmente investido na melhoria do projeto, comprando novos equipamentos e materiais. Mesmo conseguindo patrocínio, o dinheiro arrecadado nunca é suficiente para os gastos com as viagens; eles reclamaram ainda da falta de apoio da universidade ao projeto. A integrante Tatiane Melo comentou que a instituição “contribui” apenas com o espaço físico e o transporte e, muitas vezes, eles precisam tirar o dinheiro do próprio bolso para conseguirem comparecer às competições.

As dificuldades não param por aí. Atualmente, São João del-Rei não possui nenhuma pista de voo apropriada para a realização dos testes. A equipe precisa viajar cerca de 115 km até a cidade de Santo Antônio do Amparo (MG), para conseguir fazer os treinamentos da aeronave. Mas, todos esses obstáculos não foram suficientes para impedir que a equipe Trem Ki Voa Micro fosse a vencedora do Nacional em 2014, classificando-se para disputar o Mundial, que acontecerá no estado da Flórida, nos Estados Unidos. “O evento será em março, então, nós teremos poucos meses pela frente para conseguir patrocínio e montar um novo projeto para ser apresentado no mundial”, afirmou João Amorim.
                   
Foto: Leonardo Duque
                                 
Embora o trabalho exija total entrega por parte dos participantes, é unanimidade entre eles a alegria e a satisfação em compartilhar o sucesso da iniciativa. “O projeto é extremamente importante, porque ele dá ao aluno o conhecimento que ele dificilmente conseguirá em sala de aula, além de nos proporcionar a experiência do trabalho em equipe”, destacou Amanda Mello. Já para João Marcos Andrade, o Trem Ki Voa é praticamente uma graduação a parte:

– “Você adquire os conhecimentos teóricos dentro de sala de aula e aqui você pode colocá-los em prática. Aqui, além de poder levar o nome da universidade para fora, nós sairemos com uma formação bem mais completa do que aqueles que ficam apenas na sala de aula”.

Texto: Thobias Vieira/ VAN

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