Encontro discute a onda de mobilizações nacionais


Na última quarta-feira, 3, foi realizado um debate no Campus Dom Bosco, organizado pelo Sindicato dos servidores da Universidade Federal de São João del-Rei (SINDS-UFSJ) e pela Associação dos Professores de Ensino superior da cidade (Adfunrei). O debate teve como pauta as manifestações que ocorrem por todo o país.

Foram convidados os professores Écio A. Portes (DECED), Ivan Figueiredo (DELAC), Marcelo Dalla Vecchia (DPSIC) e o discente, líder do movimento Passe Livre, Rafael Monteiro de Mattos. Além destes, estiveram presentes representantes dos sindicatos e vários alunos da universidade.

José Carvalho de Ávila, Coordenador Geral do SINDS, declara que “a posição do sindicato é de apoio. Estão sendo colocadas nas ruas hoje as bandeiras que o sindicato sempre carregou, que são a melhoria da qualidade da educação, a melhor distribuição de recursos do país, um movimento contra a corrupção e o compromisso político com as causas sociais”.

Segundo José Carvalho, é possível fazer uma reforma social e política utilizando-se o poder de mobilização da internet e das redes sociais. “Infelizmente, os movimentos só surtem efeitos se as pessoas forem para rua. Agora, ir para a rua não é fazer quebradeira, nem destruir patrimônio, seja público ou privado. Ir para a rua é mostrar o descontentamento e a consciência dos problemas que enfrentamos no país e ter disposição para ajudar a solucionar os mesmos”, afirma.

Na opinião de Maria Rita R. do Carmo, presidente da Adfunrei, “ o movimento na cidade está dando um exemplo de civismo para toda a comunidade. O ideal maior é zelar pelos nossos direitos e cobrar isso dos nossos dirigentes”.

“Eu fiquei muito contente ao ver o nosso movimento local, porque, quando nós deflagramos a maior greve histórica do movimento docente, no ano passado, pela qualidade do ensino e melhores condições de trabalho, a gente viu que várias outras categorias também estão em condições de precariedade. E nós queremos cobrar isso, porque os nossos políticos foram eleitos para nos representar em termos de políticas públicas de qualidade”, declara Maria Rita.

O movimento em São João del-Rei segue com assembleias, que definem as pautas, apesar de o ponto mais alto das manifestações ter sido no mês de junho. Rafael M. de Mattos, líder da frente de luta pelo transporte público, ressalta que “na cidade, nós já tivemos vitórias que são pontuais, que mostram que nós estamos organizados e que de fato o povo na rua consegue pressionar por mudanças”.

Rafael diz ainda que “é preciso ampliar, porque, no meu caso, participo da frente de luta pelo transporte público, mas nós sabemos que tem várias outras pautas na cidade, por exemplo a saúde, precisando de atenção nossa também. Nós vamos ter uma assembleia neste sábado (06/07), cuja intenção é justamente ampliar a pauta. Eu acho que nós estamos cobrindo a força da participação”.

O professor de sociologia Écio A. Portes discutiu sete cenas durante o debate que se referiam à política, à violência, à atuação da polícia, ao cenário que foi criado, às causas que levaram a este cenário e como ele interpretou todas essas cenas, finalizando com um poema de Carlos Drummond de Andrade.

“Pode-se criar a ilusão, como parte do movimento pensa, que nós podemos viver sem partidos políticos. Mas não podemos. Só que a democracia deve estar a serviço de todos, ela não pode estar a serviço do partido e nem do eleito. Os que são eleitos devem representar a população, as causas não podem ser partidárias, têm que ser nacionais. A democracia, por pior que seja, tem que ser aperfeiçoada. A que custo, isso é o que se deve discutir” opina Écio.

Segundo José Amâncio, aluno de pedagogia da UFSJ, “o movimento é uma ação democrática que mostra que a população acordou para os problemas e dificuldades pelas quais está passando, devido às falhas políticas. Alguns fatos, como os saques aos bancos apoaidores da Copa das Confederações e as concessionárias que foram alvo de vandalismo, mostram que a população está mais atenta para o desvio de verba que está acontecendo, sendo que o Brasil tem outras prioridades”, declara.

VAN / Marina Ratton
Foto: Suellen Jacques

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