Entre embarques e
desembarques, doces fazem história em São João del-Rei. Uma receita que alia
amor e carinho leva a moradores e visitantes um sabor que vem de berço, em um
cenário repleto de tradição: a Maria Fumaça. Cocadas, pés-de-moleque,
quebra-queixos, puxa-puxas e pirulitos de mel são produzidos por Edna dos
Santos e encontrados nos fins de semana em um dos pontos turísticos mais
famosos da cidade: a estação ferroviária.
Edna dos Santos – doceira
A paixão pelos doces existe
desde pequena e é uma herança de pai para filha. Foi com o conhecido como Zé do
Ferro Velho que Edna aprendeu a fabricar o que hoje é sua fonte de sustento. A
doceira contou que cresceu cuidando dos irmãos e não teve a oportunidade de
estudar. “Quando o meu pai ainda era vivo, trabalhei como empregada doméstica e
fazia os doces nas horas vagas”, destacou. Após a morte do pai, Edna resolveu
se dedicar à culinária. “Eu era o xodó do papai. Ele sempre se preocupou em me
deixar sem um sustento. Mas aí eu disse pra ele ‘eu vou conseguir pai”,
completou.
E uma trajetória de 20 anos
produzindo e vendendo iguarias possibilitou que o sonho se tornasse realidade.
Mãe de dois filhos biológicos, dois adotivos e avó de um pequeno de três anos,
Edna sustenta toda a família possuindo os doces como única fonte de renda. “Vendo
cerca de mil doces por mês e mesmo cuidando de toda a minha família eu consegui
realizar um sonho: comprei uma máquina de lavar só com o dinheiro dos meus
doces. Me orgulho muito disso”, contou a doceira. Edna destacou ainda a forma
como administra o trabalho e o lar. “Ser mãe e chefe da casa não é fácil, mas
consigo conciliar as duas coisas”, afirmou.
Os amigos
De sexta-feira a domingo,
Edna vende os seus doces na trajetória da Maria Fumaça de São João del-Rei a
Tiradentes. Além disso, a doceira
trabalha nas duas cidades. A atividade proporciona à são-joanense a
possibilidade de conhecer diversas pessoas e fazer amigos de todos os estados,
e até mesmo de outros países. Para ela, receber opiniões diversas é essencial
para o crescimento de seu negócio. “Trabalhar lá é muito diferente e muito
importante. Além de fazer amigos, escuto várias histórias e opiniões de pessoas
de todos os lugares que você possa imaginar”, frisou.
O pirulito de mel
Além da cocada,
pé-de-moleque, quebra-queixo e puxa-puxa, o pirulito de mel conquista o paladar
de todos que o provam. Crianças e adultos ficam encantados com o pirulito, que
segundo Edna é universal. “Uma vez um turista do Chile me disse que comia o pirulito
quando era pequeno”, contou. E para os adultos, o doce também é uma forma de
viajar no tempo e voltar à infância.
É o caso do casal Juliana
Pontes e Marcos Rocha que saiu de Sete Lagoas para conferir as iguarias. Eles contaram
que viram Edna em um programa de televisão, sendo entrevistada por um chefe de
cozinha. A partir disso, resolveram conhecer a cidade e os famosos doces. “Eu
lembro muito de minha infância com os pirulitos, já que minha avó fazia. A
família toda do Marcos encomendou pirulitos para quando fossemos embora”,
ressaltou Juliana.
A receita
Edna ensina como fazer o famoso pirulito de
mel.
Ingredientes
60 palitos de madeira
60 palitos de madeira
Papel manteiga
100 ml de Mel
1Kg de Açúcar (refinado ou cristal)
Suco de 1 Limão (Galego ou Rosa)
1 copo de 200 ml de água
Modo de fazer
Misture na chaleira a água, o suco do limão rosa ou galego e o mel. Coloque o açúcar aos poucos, a medida que vai mexendo. Depois a mistura fica por volta de 30 min em fogo baixo. Faça os rolinhos em forma de cone com papel manteiga e preencha com a mistura depois de 10 minutos fora do fogo, acrescentando o palito. Depois é só esperar esfriar.
Reportagem e fotos: Talita Andrade e Rafaela Soares.
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