Tiradentes sedia encontro de apaixonados por fuscas


Aconteceu entre os dias 26 e 28 de outubro, em Tiradentes, o IV Classic Fusca Festival, um encontro para colecionadores e admiradores deste carro que tem lugar cativo no coração do brasileiro. Um dos organizadores do festival, Magno Costa, conta que o evento já se tornou um encontro de amigos. Durante o evento foram expostos cerca de cem carros e a programação contou ainda com palestras, oficinas, show, além de exposição de miniaturas no Centro Cultural Yves Alves.
O evento busca preservar a memória do carro que fez e faz parte da vida de muitos proprietários, admiradores e colecionadores. Este ano, recebeu, ela primeira vez, o certificado de aprovação na Lei de Incentivo à Cultura do Estado de Minas Gerais, apoio que se justifica pela importância histórica do Fusca. “Ele tem toda uma história. Foi criado na Segunda Guerra Mundial para ser um carro do povo e foi um dos mais vendidos no mundo. No Brasil ajudou no nosso crescimento. O país tem um carinho especial por ele”, explica Magno. Os criadores do evento notaram que em muitos dos encontros de carros antigos há sempre uma grande quantidade de Fuscas, então surgiu a ideia de realizar uma festa só para eles.
Um dos exemplares raros expostos no festival foi um Fusca Pé de Boi, de propriedade de Magno Costa. Ele surgiu para ser a versão mais popular do Fusca, desprovido de qualquer luxo ou acabamento, como por exemplo a ausência de friso no estribo – no lugar só havia a borracha.

Fusca no Sangue

A paixão do mecânico Dercio Ferreira de Souza, de Belo Horizonte, começou quando tirou carteira de motorista, com um modelo 57. Mais tarde começou a trabalhar como mecânico. “Tirei a carteira e mexi a vida toda com Fusca. Namorei minha esposa, ia para o interior com o Fusca 68 que eu tinha. Não era muito apaixonado por carro novo, não. O Fusquinha entrou no meu sangue. Gosto mais do Fusca do que da minha mulher”, brinca. Dercio nem sequer estacionou o Fusca no local especificado para expositores, no Largo das Forras: escolheu uma boa vaga na sombra, pra proteger a sua paixão. Ele se orgulha: “Às vezes a gente passa na estrada e tem gente que bate palma pro meu Fusca”.
Jorge Henrique Ferraz, educador de Belo Horizonte, tem uma relação parecida com o veículo. Escolheu um Fusca emprestado de seu compadre, em 1970, para tirar sua carteira. Apesar de acabar comprando um carro mais moderno na época, por questões de economia, sempre tinha por ideal ter um Fusquinha só para passeio. “E aconteceu há mais ou menos sete anos, quando eu disse: Agora chegou o momento de ter o meu Fusca! Comprei e ele está comigo até hoje. Sempre que tem um encontro assim no interior a gente participa”, conta o orgulhoso proprietário. Ele afirma: “O que a gente discute aqui no meio, é que o Fusca vai atravessando as gerações. Ele tem carisma, vai cativando. As crianças crescem com a modernidade, o computador, video game, mas elas olham para o Fusca e criam uma relação de carinho. Meu afilhado todas as vezes que vai a minha casa pede pra ver, entrar no Fusca”.
Este ilustre e simpático carango tem até data comemorativa. O dia nacional do Fusca é comemorado em 20 de janeiro, e as multidões de fãs por todo o mundo o homenageiam em 22 de junho. Certamente, se todos estes admiráveis modelos pudessem falar, teriam muitas histórias para contar. E se o Fusca foi idealizado como um veículo feito para durar, a contar pela paixão dos mais jovens ele ainda terá muita estrada pela frente.

Trilhas do Fusca

O Fusca foi criado na Alemanha nazista de Adolf Hitler, que desejava que todos os alemães pudessem ter um veículo que pudesse transportar quatro pessoas e sua bagagem, e que fosse acessível, econômico e resistente. Seu nome original era Volkswagen Sedan.
No Brasil, o Fusca foi introduzido em 1951, em uma época em que a rede de estradas começava a ser constituída, e era necessário um carro robusto e confiável para enfrentar difíceis percursos. Muito diferente dos grandes carros importados na época, o pequeno e carismático Fusca caiu no gosto do brasileiro. Ele foi produzido aqui entre 1959 e 1986, e relançado entre 1993 e 1996, e apenas em 1983 passou a ser fabricado com o nome de “Fusca”, apelido que já havia se consolidado pelo uso de seus apaixonados admiradores.

Reportagem e foto: Dani da Gama.

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