Projeto sustentável está parado por falta de patrocínio


O projeto de um “condensador pirolenhoso”, capaz de transformar fumaça em fertilizante, precisa encontrar um patrocinador para sair do papel. Desenvolvido por uma equipe de alunos da UFV, venceu em 2009 a competição “Técnico e Tecnólogo Empreendedor”, do Sebrae e do Ministério da Agricultura. Entretanto, mesmo três anos após a vitória, o projeto ainda não foi desenvolvido. E a data de validade para que o grupo transforme a ideia em realidade está acabando: o condensador deve ser patenteado até 2014.
João Batista Lima, tecnólogo ambiental e um dos autores do projeto, que agora é aluno da UFSJ, explica que a equipe está correndo atrás de alguma empresa que aceite o desafio de construir o protótipo e passar a produzi-lo. “Por enquanto a gente fez um teste muito básico com sucata e constatamos que é viável. Só que para um nível mais industrial a gente precisa fazer um protótipo para testar até a viabilidade econômica”, afirma.
Enquanto isso, o projeto está parado. O que, segundo João Batista, é um desperdício, já que o condensador é um aparelho sustentável que, além de ajudar o meio ambiente, ainda traz economia. “Ao invés de estar poluindo o meio ambiente, ele está reciclando a fumaça. Essa fumaça passa a ter aplicabilidade. O pessoal vai economizar um bocado com fertilizante, sintético nitrogenado, defensivo químico”, explica.
Outra vantagem do condensador é o fato de ter sido projetado para atender pequenas comunidades rurais, assentamentos, restaurantes e padarias. Além de servir também como auxílio na agricultura familiar, podendo ser útil até para cooperativas rurais. “Nossa ideia é fazer um condensador pequeno, pra agricultura familiar, mas depois pode até desenvolver ele para médias empresas, com um modelo mais sofisticado”, adiciona João Batista.
O projeto despertou interesse quando venceu o prêmio do Sebrae e recebeu o prazo de até 5 anos para ser patenteado, graças ao Banco do Brasil, ao Ministério da Agricultura e ao próprio Sebrae, que apoiaram a ideia patrocinaram os direitos por este período. O desafio de encontrar uma empresa que o desenvolva, entretanto paralisou todo o processo. “As empresas ideais seriam aquelas que constroem produtos a um custo baixo, que produzem produtos ligados a agricultura familiar, como empresas que fabricam eco fogão, aquecedor a gás para meio rural com baixo custo, enfim, ligadas mais com os processos do que propriamente com produtos”, explica João Batista.
O tecnólogo afirma que irá continuar em sua busca por uma empresa. Chegou a cogitar até mesmo transferir o projeto para a UFSJ, já que na Universidade existem projetos voltados para a área, o que poderia impulsionar o condensador. Entretanto, não sabe isso é possível. De qualquer forma, ele aguarda uma empresa que compreenda a importância desse projeto sustentável.

Como funciona

O condensador pirolenhoso é ligado a chaminés. Quando a fumaça sobe, entra por um cano com uma serpentina, que condensa o gás e o transforma em líquido composto de água, ácido acético (vinagre) e alcatrão. Esse líquido é então centrifugado ou decantado para a separação do alcatrão, que é uma substância tóxica.
O resultado pode ser utilizado para controlar adubar o solo, fertilizar plantas e controlar pragas, com alta eficiência. 

Reportagem: Carolina Argamim Gouvêa.
Imagem: Domínio Público.
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