São João del-Rei não possui um aterro sanitário e muito menos coleta seletiva. Todo o lixo recolhido na cidade é encaminhado para um depósito no acesso à cidade pelo bairro Bonfim. A situação do local é preocupante, uma vez que no município não existe coleta seletiva e muito menos um ponto de recolhimento para o lixo eletrônico. Aparentemente as autoridades desconsideram o fato de que esses aparelhos descartados liberam elementos radioativos que contaminam não só o solo, mas os rios que beiram o lixão, pondo em risco a saúde dos moradores de São João Del Rei.
Existem alguns projetos de aproveitamento do lixo eletrônico em ações isoladas na cidade. Algumas lojas de informática e setores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), como o Departamento de Engenharia Elétrica, desenvolvem práticas de reutilização de peças de equipamentos descartados para montagem de novos aparelhos. Essas novas máquinas podem ser transformadas em doação para um público carente de recursos para aquisição desse tipo de material ou para revenda a preços inferiores aos de mercado. Entretanto, estas são ações esparsas, não sistematizadas num projeto maior, e são praticamente inexistentes na administração municipal.
O secretário de meio ambiente do município, Celso Sandim, revela que a prefeitura não participa de nenhuma iniciativa, nem empreende ações que seriam necessárias para resolução do problema. Até o momento, a prefeitura se limita a dar apoio a um projeto específico desenvolvido pelo Instituto Apoiar, em parceria com a Associação Comercial de São João del-Rei (ACI del-Rei).
O presidente do Instituto Apoiar, Antônio Claret de Souza, disse que o projeto tem o objetivo de criar ecopontos distribuídos pela cidade. Esses ecopontos seriam pontos de coleta instalados comércios, acessíveis à população, para o descarte de materiais eletrônicos, como baterias, celulares, pilhas, monitores e teclados. Entretanto, ainda não foram acertados os locais dos containers, providência que só será tomada através da adesão dos comerciantes ao projeto.
Segundo Claret, é necessário mudar o termo “lixo eletrônico”, pois lixo é algo que já não serve para mais nada e o material eletrônico descartado é quase 100% possível de ser reciclado e reutilizado. “Na verdade nós queremos criar uma grande Arca de Noé para que entrem todos os bichos nessa arca. Quem vier pra gente, quem quiser somar ao projeto, para nós está ótimo. Esse projeto não é de ninguém, não é meu, não é do Apoiar, é da cidade” enfatiza.
Mesmo com ações insuficientes no município, a população, de São João del-Rei já se mostra mais consciente quanto ao destino dos materiais descartados. O proprietário da New Kids Informática, Alessandro Pereira,percebe em seus clientes o interesse de fazer o descarte correto para os materiais eletrônicos que já não usam mais.
A estratégia para solucionar o descarte do lixo eletrônico pode começar com uma ação concreta para despertar, não só na população, mas também no poder público, a necessidade de cuidar de um problema que interfere no bem estar do meio ambiente e da nossa própria saúde. Alcançando uma estratégia eficiente e estabilizada para a cidade, projetos como os do Instituto Apoiar poderão, no futuro, ampliar suas ações para projetos regionais.
Reportagem: Lis Maldos.
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