Projetos
ainda carecem de maior apoio do poder público
Apontado
como o berço das manifestações culturais da cidade, o Tijuco apresenta inúmeras
surpresas: pintores, escultores, artesãos, escritores, bordadeiras e uma
infinidade de músicos das orquestras Lira São-Joanense e Ribeiro Bastos e da
Banda Theodoro de Faria. Além disso, ainda sobrevivem grupos de Folia de Reis e
Pastorinhas. Contudo, essas manifestações lutam para existir. Em sua maioria, elas
não têm apoio da Prefeitura Municipal e carecem de uma política pública que dê
amparo continuo aos seus trabalhos.
A
comunidade do Tijuco também é um exemplo de que o envolvimento ativo dos
cidadãos na solução dos problemas coletivos resulta em bons projetos. A
Associação dos Moradores e Amigos do Bairro São José Operário, a Organização
Não-Governamental Atuação, a Casa Assistencial Semente do Amanhã e a Sociedade
de Auxílio à Criança Enferma (Sace) oferecem cursos preparatórios para os
vestibulares e concursos e serviços de inserção social, atividades educativas,
artísticas e pedagógicas, alimentação para crianças.
No
entanto, os movimentos pedem ação constante e efetiva para o desenvolvimento
sócio-cultural do Tijuco, como a ampliação das possibilidades de acesso ao
lazer, às artes e aos livros.
Cultura
Uma
das principais vias do Tijuco, a Rua São João, é um importante centro de
cultura, onde moram muitos artistas, pintores, músicos, escultores e artesãos.
A riqueza é tamanha que, às vezes, os próprios moradores não conhecem muitos
dos artistas. Para o presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro
São José Operário, Edson Maciel, o ideal seria montar uma associação, com apoio
da Prefeitura, com o intuito de divulgar e fortalecer a cultura do Tijuco. “A
mão de obra artística é bem vista somente pelo turista. O povo da comunidade
não valoriza os artistas que temos no bairro. Embora o apoio da Prefeitura seja
mínimo, no bairro, têm pintores, escultores, talhadores e artesãos de mão
cheia, com trabalhos muito bem feitos”, enfatiza Edson.
O
pintor Wagner José Guimarães é um deles. Ele mora na Rua São João e expõe seus
quadros no Centro da cidade e em feiras. Wagner pinta há 30 anos e reforça que
o Tijuco é o bairro com mais artistas. Porém, o pintor avaliou que muitos
passam dificuldades. “O apoio da Prefeitura Municipal aos artistas é nulo.
Quase todos os artesãos fazem sua arte com muito esforço”, ressalta Wagner. O
autor do livro Retalhos de uma Sociedade, Antônio Gaio Sobrinho, concorda: “O
povo do Tijuco é mais carente e pobre. O bairro foi, por muitos anos, esquecido
politicamente”.
Organização
A
Associação dos Moradores e Amigos do Bairro São José Operário, fundada há 24
anos, é a primeira instituição organizada e regulamentada que procurou oferecer
serviços de inserção social a parcelas excluídas da sociedade. Através dela foi
criado o Centro Infantil Celina Resende Viegas, com capacidade para 75 crianças
de zero a quatro anos.
O
presidente da Associação, Edson Maciel, relata que a creche atende, hoje, a 50
crianças, mas que há a intenção de voltar a 75. O que falta é verba. “Para
tirar as ideias do papel, precisamos de apoio e de financiamento. Ninguém faz
nada sozinho”, afirma.
Na
ONG Atuação, fundada em 17 de dezembro de 2005, são oferecidas aulas
pré-vestibular, dança de hip-hop e atividades para idosos. O espaço ainda conta
com uma assessoria de imprensa e uma biblioteca de livros doados pela
comunidade. Há, também, projetos para a reciclagem de materiais por meio da
arte.
Segundo
a vice-presidente da ONG, Elem Mara Guimarães, os projetos são voltados para o
desenvolvimento da educação no bairro. Elem Guimarães considera que a falta de
voluntários e de apoio da Prefeitura Municipal são as grandes dificuldades para
manter a instituição. “Não achamos voluntários. É difícil encontrarmos uma
pessoa que disponibilize apenas uma hora de seu dia para nos ajudar. Não
recebemos nada da Prefeitura. Quando a procuramos, fica um jogo de empurra que
nos fez desistir”, critica.
Reportagem: Marcelo Alves
Foto: Divulgação - ONG Atuação
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