Uma casa grande, aconchegante. Uma mesa cheia de pãezinhos de mel, embrulhados com todo cuidado, em uma bandeja de prata. “Fiz para um batizado e estou acabando de arrumar”, diz Meg Calil Zarur, mãe, cozinheira de mão cheia e apresentadora de rádio e televisão. Uma mulher que se mostra apaixonada pela culinária, pelos filhos, por si mesma e pela vida.
Meg apresenta o programa culinário “Sabor em Prosa”, da TV Campos de Minas, e recentemente o programa “Fim de Tarde”, da Rádio São João. Especialista em culinária e prosa me recebeu como uma amiga de muitos anos, com muita conversa, várias delícias feitas por ela, e seu enorme estojo de maquiagem. Rímel, espelhos e dicas de beleza intercalaram momentos da sua vida, contados com risos e emoção.
Do começo
A loirinha caçula de cinco filhos morava em frente à antiga Escola de Comércio. “A nossa rua tinha muita criança, todas da mesma idade. A gente brincava demais na rua, era muito bom”, relembra Meg, que perdeu o pai com apenas quatro anos de idade. “Minha referência é toda minha mãe”.
A infância e adolescência foi vivida em São João del-Rei, mas por um tempo, Meg foi passear na casa do irmão, em Cuiabá, e ficou por lá, durante dois anos e meio. “Eu fazia faculdade de Ciências Biológicas. Tranquei a faculdade e fui morar lá”, recorda. A mudança foi em parte uma fuga de um namoradinho que não a deixava em paz. Por lá Meg foi até miss. “Que vida boa eu tive lá. Mas minha mãe estava se sentindo muito sozinha aqui, então eu voltei”, diz.
Dos amores
A maior paixão de Meg entrou em sua vida em 1986. Depois de retornar para São João del-Rei, ela foi a uma festa na casa do amigo da família Dr. Marcos Campelo. “Ele me apresentou o Paulo, que estava namorando. No outro dia nós fomos num baile no Social, e realmente são coisas que tem que acontecer”, relembra. Paulo Aurélio Campos havia terminado, de um dia para o outro. Na mesma festa estava Aécio Neves, na época em que lançou sua primeira candidatura. “Eu queria o Aécio, mas foi o Paulo quem investiu”, brinca Meg. Em uma semana ela e Paulo começaram a namorar, e se casaram em 1990.
Arquivo pessoal
A parte mais dolorosa de sua vida foi quando perdeu a mãe, em 2000, e quando ficou viúva, em 2002. Vítima de câncer, a mãe de Meg ficou doente por apenas sete meses e se foi. “Deus me mostrou que a gente não pode ser egoísta”, reflete. Paulo morreu de infarto, aos 47 anos, no dia em que levou a família para assistir um jogo de futebol em Belo Horizonte. “Meu filho nunca tinha ido ao Mineirão, e lá Paulo começou a se sentir mal. Ele teve 20 paradas cardíacas. Foi a época mais terrível da minha vida”, fala. Seus filhos tinham apenas 12 e nove anos. Eles perderam o pai tão jovens quanto Meg perdeu o seu. “A história se repetiu. E eu tentei ser sempre uma mãe super carinhosa com os meus filhos. O Rafael é minha cara, e a Lila é a cara do pai”, emociona-se. Para contar para os seus filhos da morte do pai, Meg contou aos filhos uma história de amor, sem final feliz.
Dos holofotes
Em 2006 a vida de Meg mudou muito. “Chamaram-me pra fazer um teste lá na Televisão, para um programa de culinária. Eu sempre cozinhei e sempre gostei de cozinhar. Fazia salgadinho pra fora, essa coisa toda. O meu teste foi uma piada”, lembra. A alegria de viver da Meg conquistou a TV Campos de Minas logo neste primeiro teste, com suas brincadeiras e sua risada inconfundível. E lá permanece até hoje, apresentando o “Sabor em Prosa”.
Considerada a Ana Maria Braga da televisão local, Meg teve o prazer de conhecer sua colega de trabalho da Rede Globo. “No dia em que eu vi a Ana Maria Braga, eu dei um grito. Eu a entrevistei lá em Tiradentes. Quando ela me viu, ela falou, nossa, que menina grande!”, conta Meg. Fã da apresentadora, ela brinca, em meio a risadas, que é a Ana Maria “Brega” de São João.
Das prosas
A essência do seu programa é uma boa conversa, daquelas que só se têm na cozinha das casas de interior. As pessoas da cidade recebem beijos da apresentadora, e adoram ver seus conhecidos na televisão. “Fiquei sabendo que tem duas senhoras doentes, que toda quarta-feira não tomam seus remédios pra dormir porque elas vão dormir felizes depois de assistirem o programa”, conta. “Olha a responsabilidade, eu fiquei emocionada. Fiquei feliz porque vi que eu estava fazendo bem para o próximo. Daí eu gravo o programa pensando nesse tipo de coisa”, diz.
Arquivo Jota Dangelo
Como para todo mineiro tudo acontece em volta da mesa, até em velório tem que ter café e pão de queijo. Essa é a cultura de Minas. Na nossa mesa sempre cabe mais um. E este é o ambiente que o programa apresentado pela Meg proporciona. Boa prosa na beira do fogão. Agora ela também bate um papo com os ouvintes da Rádio São João, no programa “Fim de Tarde”, em que em cada dia um tema diferente é abordado, e uma pessoa da área é convidada para uma conversa sobre o assunto.
Dos carnavais
“No carnaval eu fervia”, brinca Meg. Foliã assídua do desfile da Escola de Samba Qualquer Nome Serve, de Jota Dangelo, já foi até porta bandeira. “Aqui era o melhor carnaval do interior do Brasil. Já me diverti demais”, diz. Todos faziam suas próprias fantasias, que por sinal deviam ser impecáveis, senão Dangelo não deixava participar no desfile. As plumas eram muito caras, e já com vergonha de pedir mais dinheiro à sua mãe para comprar mais, Meg pedia seu cunhado, que pagava o material das fantasias em troca de uma boa massagem nos pés. “Eu gosto daquela época, mas hoje também é ótimo. Eu só não desfilo hoje porque tenho que cobrir o carnaval para a televisão”, afirma. Suas coberturas do carnaval são-joanense são tão animadas quanto os desfiles, blocos e foliões. É uma felicidade de alguém que já viveu muitas coisas, e que nos serve como exemplo. Já houve até quem se fantasiou de Meg Zarur no carnaval. Homenagem mais que merecida.
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