Aconteceu entre os dias 27 e 29 de Setembro, o 6º Festival
de Literatura de São João del-Rei (Felit), realizado na Rotunda, Complexo
Ferroviário da cidade. Como em todas as edições anteriores, o evento foi um
meio de se discutir a produção literária brasileira e contou com a presença de
renomados autores, críticos literários, professores de literatura e
personalidades da vida cultural do país.
Simultaneamente
às mesas redondas, aconteceram a feira de livros, oficinas, o café literário
com apresentações musicais, exposições, histórias, cortejo literário e inúmeras
intervenções poéticas. Reunindo no local mais de 1.500 visitantes, o festival
aqueceu a economia local através do turismo e oferta de mão-de-obra. O evento
teve a presença de ilustres convidados como o escritor e jornalista Ignácio de
Loyola; o poeta, ensaísta, filósofo e compositor Antônio Cícero; o autor Pedro
Maciel e a grande homenageada da 6ª edição do Felit, a escritora Adélia Prado.
“A Adélia é uma sumidade. Para os
amantes da poesia, a palestra que ela deu é de um gozo mítico. Só essa palestra
valeria todo evento. No mais, a organização do Felit é sempre esforçada, tem
sempre um trabalho interessante com as escolas públicas. Dadas as dificuldades
de realizar um evento de literatura, os organizadores estão de parabéns”,
avalia o estudante Robert Toledo,
Adélia Prado no Felit
Adélia Luzia Prado Freitas participou
da abertura oficial do evento, realizada no dia 27, às 19h no Teatro Municipal.
Apresentando “O poder humanizador da poesia”, recitou poemas de sua autoria,
respondeu perguntas da plateia e foi contemplada com a apresentação da cantora
local, Lucinha Branca, que encerrou a noite. O restante da agenda da escritora
foi composto por encontro com jovens autores da Oficina de Extensão do Felit,
encontro com professores da rede de ensino de São João del-Rei e lançamento do
livro “Poemas para Adélia”.
A escritora, nascida em Divinópolis e
professora por formação, exerceu o magistério durante 24 anos, até que a
carreira de escritora tornou-se sua atividade oficial. Perdeu a mãe ainda
jovem, aos 13 anos e, então, começou a escrever seus primeiros versos. Seus
textos são caracterizados pelo aspecto lúdico e retratam o cotidiano de forma
fascinante. Em termos de literatura brasileira, o surgimento da escritora
representou a revalorização do feminino nas letras e da mulher como ser
pensante.
Em entrevista à equipe da VAN, a
personalidade de 75 anos de idade relatou a emoção de estar na cidade São João
del-Rei, “Eu vim à São João quando era adolescente, gostei demais da cidade e
voltei algumas vezes. Vim depois que lancei meu primeiro livro, na realização
de um recital de
poesias, há mais de vinte anos, e estou voltando agora. A
mesma sensação que tive na primeira visita é a que estou tendo agora, uma
cidade acolhedora, pousada maravilhosa, o povo... E dessa vez, foi uma emoção
muito grande e muito comovente ver textos de pequenos autores, de 10 à 14 anos.
A cidade, culturalmente, promete demais pro país.
Ela
guarda a cultura e está fazendo este festival tão bonito.” Após declarar-se à
cidade que cedia o festival, elogiou a Universidade Federal de São João
del-Rei, “E também temos em Divinópolis uma extensão da UFSJ, é uma boa
universidade e de muita fama”, pontuou. Indagada se a transformação da perda em
escrita é uma forma de ajudar a lidar com a dor, já que a escritora perdeu a
mãe tão jovem, Adélia respondeu: “Ajuda.
Não só a escrita, mas qualquer forma
de arte, porque se você tem um meio para simbolizar a sua dor, seja através da
fé ou da arte, aquilo te dá consolo, alívio, e então pode suportar aquela tensão,
até que recupere as energias. Dá sim, dá pra qualquer um de nós.”, finalizou.
Em seguida, a autora analisou sua carreira: “Como eu escrevi cedo, não
aproveitei nada. É como se eu estivesse aprendendo a usar um instrumento, que
no caso, era a língua portuguesa. Foi só depois, quando eu já tinha 40 anos que
eu fiz minha “bagagem”. Então, ninguém precisa ter pressa” aconselhou.
Adélia, através de suas obras, fez jus
às homenagens prestadas. As edições anteriores do Festival também contaram com
grandes autores homenageados, como Ziraldo, Ariano Suassuna, Francisco Alvim e
Ana Maria Machado, todos com bagagens enriquecidas por diversas premiações,
pela contribuição ao meio cultural e pelo reconhecimento em âmbito nacional e
internacional.
Reportagem e foto: Marlon Bruno de Paula e Maria Clara Lauar.
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