“Loteria esportiva”: o futuro incerto de jovens atletas


     A Universidade Federal de São João del-Rei foi sede, no início de abril, da Liga do Desporto Universitário e recebeu entre os dias 4 e 8 do mesmo mês, delegações da UFMG, UFLA, UFTM e UFU, além das equipes da própria UFSJ para torneios de futsal e handebol. Em entrevista ao site da UFSJ, o diretor geral da Associação Atlética Acadêmica UFSJ, Rafael Dimas, disse que "As equipes da UFSJ colocaram, mais uma vez, o nome da instituição em evidência no cenário do esporte universitário estadual e nacional". Vários atletas representaram as instituições e durante a realização do evento foi possível notar o sonho de alguns esportistas em levar a sério as modalidades e se tornarem profissionais.

      Quando se trata de futebol, é possível notar que os atletas começam cada vez mais cedo no esporte. Lionel Messi, considerado o melhor jogador do mundo na atualidade, tem 24 anos e já é a grande estrela do dito melhor time do planeta, o Barcelona. Messi, que tem uma vida financeira estável e já alcançou o auge da carreira, é um caso raro entre os jogadores de futebol. Ele nasceu em Rosário, na Argentina, e era considerado autista quando criança. Teve problemas hormonais, e com treze anos media apenas 1,10 m. Depois de um tratamento para se desenvolver, Messi foi descoberto pelos olheiros do Barcelona e já jogou sua primeira partida como profissional aos 16 anos, em 2003 contra o Porto, de Portugal.
      Mas nem todas as histórias de atletas são assim, como um conto de fadas. Para se chegar aonde ele chegou, o caminho a ser percorrido é longo e incerto. São milhões de garotos em todo o Brasil, que sonham em se tornar um jogador de futebol. Aparentemente esta profissão proporciona uma vida fácil, tranquila e um bom retorno financeiro. Na teoria pode até ser assim. Na prática, no entanto na basta ter talnto. É necessário ter paciência e determinação para correr atrás do sonho. Treinar arduamente, participar das chamadas “peneiras” promovidas pelos grandes clubes, ou contar com a sorte para ser descoberto por um olheiro, assim como aconteceu com o jovem Messi. E enquanto todo esse percurso é realizado, não se pode abdicar dos estudos, uma vez que não se tem garantia de que a “loteria do futebol” vai ser favorável. Existem muitos casos de jovens que ainda largam tudo para correr atrás do sonho. Muitas vezes, quando os planos não dão certo, esses atletas acabam despreparados para enfrentar o mercado de trabalho, sem ter um curso superior e às vezes nem o ensino médio completo.
      Luiz Fernando Rezende, 19 anos, cursa Engenharia Mecânica e joga pelo time de futsal da UFSJ na Liga do Desporto Universitário. Ele integra o time desde 2010 e também já praticou o esporte fora da Universidade neste período, chegando a receber propostas para atuar profissionalmente, mas afirmou que a partir do momento em que o futsal começou a atrapalhar os estudos, viu que era hora de encerrar essa fase. “Todas as pessoas devem correr atrás do seus sonhos, seja ele ser jogador, médico, jornalista, entre outros. Entretanto, cada um deve arcar com a responsabilidade de suas decisões. Particularmente não recomendo ninguém a deixar os estudos de lado” opina.
      A falta de investimento por parte das instituições também atrapalha o desenvolvimento do atleta. Muitas vezes os esportistas têm talento e dedicação para se tornar profissional, mas não lhes é oferecida uma infra-estrutura adequada.
      Luiz Fernando também falou sobre o investimento da UFSJ em esportes: “Baseado em exemplos de outras universidades, vejo que a UFSJ deixa muito a desejar na questão de investimento nessa área. Acho que falta principalmente a conscientização da importância do esporte na vida de uma pessoa. O esporte, além de ser excelente para a saúde, é muito importante para a integração social. De 2010 para hoje, as coisas já evoluíram um pouco dentro de nossa instituição nesse quesito, porém a passos muito lentos” avalia.

      Reportagem: Moema Vianna.
      Foto 1: Globoesporte.com
      Foto 2: Guia das Vertentes.
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