A realidade da violência infantil em São João del-Rei


No último mês, uma menina de nove anos morreu após correr durante três horas seguidas por exigência da madrasta e da avó, nos Estados Unidos. As duas foram indiciadas por homicídio. No Brasil, casos de violência infantil são mais comuns e freqüentes do que pensamos. Segundo dados do Lacri (Laboratório de Estudos da Criança, da Universidade de São Paulo), 100 crianças morrem por dia, vítimas de maus-tratos, e mais de seis milhões sofrem abuso sexual todos os anos, no Brasil. Em São João del-Rei muitas crianças são vítimas de violência, o que na maioria das vezes não chega ao conhecimento das autoridades e órgãos competentes, como Conselho Tutelar, seja por receio ou até mesmo pelo agressor pertencer à família da vítima.
E quem acha que a violência infantil é caracterizada apenas pela agressão física está enganado: a violência psicológica é também devastadora para a criança e raramente é identificada e denunciada. Mas este não foi o caso de R.S.M., hoje com 13 anos. Ela foi vítima de violência psicológica aos oito anos, na época sua ex-madrasta ameaçou matá-la caso ela contasse a respeito das agressões para alguém. A ameaça de morte foi suficiente para abalar o emocional de R.S.M. A mãe da vítima começou a perceber um comportamento diferente da filha: “Minha filha chorava por qualquer motivo, começou a ter medo de tudo. O rendimento na escola caiu bastante e as professoras conversaram comigo, dizendo que ela estava muito diferente. Um dia, o pai foi buscá-la na escola e ela teve uma crise nervosa e mandou-o ir embora”, conta. A mãe então conversou com a filha, que acabou contando o que estava acontecendo.
A mãe da menor optou por procurar os órgãos competentes e hoje a agressora não tem mais contatos com a menina e ainda precisa manter distância dela, segundo determinação da justiça. R.S.M precisou fazer tratamento psicológico até os 11 anos e tem distúrbios emocionais ainda hoje. Para tentar amenizar o dano que foi causado, ela tenta preencher seu tempo com diversas atividades. “Uma ameaça psicológica desestrutura uma criança muito mais que um tapa”, conclui a mãe da menina.
Nesses três primeiros meses de 2012, o Conselho Tutelar realizou 80 atendimentos no que diz respeito à violência contra o menor, em São João del-Rei. Os conselheiros afirmam que nos últimos anos as denúncias contra a violência aumentaram devido ao disque-denúncia anônimo: a população agora tem menos medo de denunciar. O Conselho Tutelar existe na cidade desde 1996 e tem o objetivo de defender os direitos das crianças e adolescentes sanjoanenses, que são garantidos pelo Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente). Segundo os conselheiros, 60% dos atendimentos à família têm relação com a dependência química.
Assim que as crianças chegam ao Conselho Tutelar, elas recebem assistência médica, odontológica, psicológica etc. Já os pais são punidos, mas recebem a oportunidade de um tratamento gratuito para reestruturarem a família. O Conselho Tutelar, ao constatar que a criança se encontra em situação de risco físico ou emocional, sem condições de permanecer em sua casa, a encaminha para a Casa Lar até que a situação se resolva. A Casa Lar tem como objetivo não deixar que os direitos da criança/adolescente sejam violados.
Violência contra a criança é crime: denuncie! O Conselho Tutelar funciona de segunda à sexta, de 7h às 18h. Depois desse horário, o atendimento é realizado através do plantão domiciliar, localizado na Rua Santo Elias, 90, Centro de São João del-Rei.

Reportagem: Nara Nunes e Sthefani Ortiz.

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Um comentário:

  1. É senhora sociedade não podemos nos calar por aquilo que esta claro,como a violência infantil.Diante desses acontecimentos que vemos o desinteresse dos órgãos públicos pelos problemas da sociedade.

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